Juncais situa-se na margem esquerda do Rio Mondego, a sul da sede de concelho da qual dista cerca de 6 quilómetros. Compreende ainda os lugares de Cadoiço e Ponte de Juncais. Freguesia extinta em 2013, faz atualmente parte da União de Freguesias de Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão, com 553 habitantes.
O seu topónimo deriva, provavelmente, de junco ou juncal, por se encontrar situada em lugar pantanoso junto ao Mondego.
A origem da povoação é ainda uma incógnita, mas a presença de vestígios romanos e a certeza de que por estes lados passaria uma importante via romana para a margem direita do Rio Mondego, aponta a época romana como o seu possível início.
Surge já referenciada como Jumcães no Cadastro da População do Reino de 1527.
A instituição da família Barata Veloso da Casa Grande, entre os séculos XV/XVI terá sido o principal factor de desenvolvimento de Juncais.
Administrativamente fez parte do antigo termo de Linhares até 1855, passando para o concelho de Celorico da Beira até 1898, momento em que, por decreto, passa a integrar o concelho de Fornos de Algodres.
Foi durante séculos parte integrante do Bispado de Coimbra, e pertence, atualmente, ao arciprestado de Celorico da Beira, diocese da Guarda, ao contrário das aldeias do concelho da margem direita do rio.
O padroeiro de Juncais é São Tiago, o Apóstolo, e conta a tradição que por aqui passava um Caminho alternativo para Santiago de Compostela, facto evidenciado pela existência de uma concha de vieira na fachada da capela de Nossa Senhora das Preces em Cadoiço. São Tiago é celebrado na última semana de julho, uma festividade que se mantém a par com outra dedicada a São Brás – a romaria em honra de São Brás era uma das mais concorridas da região no século XVIII.
Juncais
A primeira referência documental à paróquia de São Tiago de Juncais surge na Bula do Papa João XXII datada de 1320, na qual é concedida ao rei D. Dinis a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino para subsidiar a guerra contra os muçulmanos. A Igreja de São Tiago foi taxada em 15 libras durante três anos.
No século XVI, a Igreja pertencia ao Priorado do Padroado Real, sendo o primeiro registo paroquial efetuado em 1577. Já no século XVII, era da apresentação da Casa do Infantado.
A atual Igreja parece ser o resultado de profundas reformulações. A sua fachada apresenta-se rebocada e pintada de branco, com apontamentos de cantaria visível e remate em empena. O portal com moldura e arco abatido é encimado por janelão e adossado ao lado direito encontramos um campanário de ventana única.
O seu interior é composto por dois altares colaterais pintados de bege com colunas torsas decoradas com folhas de acanto.
As paredes laterais da capela-mor apresentam duas tábuas pintadas representando São Francisco de Assis e Santo António com o Menino.
O retábulo-mor é também pintado de bege com apontamentos dourados e a tribuna composta por trono com baldaquino. A estrutura é encimada pela representação do Pelicano Eucarístico a bicar o próprio peito, símbolo da analogia com Cristo que derramou o seu sangue para salvar os fiéis.
A ladear o trono, além de dois anjos, encontramos São Cristóvão e São Tiago, o Apóstolo com os seus atributos: o chapéu com concha de vieira, um bordão e uma cabaça.
Igreja Matriz
Implantada no Largo do Terreiro, no centro da aldeia, encontramos a Casa Grande de Juncais. Este solar foi edificado no século XVI, possivelmente nos últimos anos da centúria, pertencendo até hoje à mesma família, os Barata Veloso, senhores locais.
O corpo principal da casa desenvolve-se longitudinalmente em torno de diversos pátios.
A fachada principal apresenta seis janelas de guilhotina no registo superior e várias janelas e portas no registo inferior. O portal principal, de moldura de pedra retangular com friso, é encimado pelo brasão de armas da família proprietária.
Do lado direito da fachada, disposta de forma oblíqua, foi edificada a capela de Nossa Senhora do Socorro, com portal de moldura recta encimado por frontão e sineira sobre a fachada lateral. No interior destaca-se o altar em talha barroca do século XVIII, com colunas torcidas ornamentadas com folhas de acanto.
Classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1997, é atualmente um espaço vocacionado para o Turismo de Habitação.
Casa Grande de Juncais
O lugar de Cadoiço é anexo a Juncais e à União de Freguesias de Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão. Situa-se a cerca de 8 quilómetros da sede do concelho, entre Juncais e Vila Ruiva.
Foi anexa à freguesia de Mesquitela, do antigo termo de Linhares até 1855, passando para o concelho de Celorico da Beira. Por decreto de 1898, passa a integrar o concelho de Fornos de Algodres, e anexada à freguesia de Juncais. Curiosamente mantém-se integrada na paróquia de Mesquitela, diocese da Guarda.
A capela existente data de finais do século XVII e é dedicada a Nossa Senhora das Preces. Possui uma enorme concha de vieira na fachada, por cima do portal de arco abatido que a tradição relaciona com Santiago de Compostela e um Caminho alternativo que por aqui passaria. Não podemos deixar de referir que as conchas de vieira sempre foram usadas como ornamento decorativo nas fachadas e interiores dos templos religiosos, especialmente integrados no estilo Rococó.
Uma pequena zona de lazer à entrada da povoação convida-nos a parar, a sentar e a contemplar a Ribeira de Linhares que por aqui passa, percorrendo cerca de 8 quilómetros e entroncando no Mondego já fora dos limites do concelho.
Cadoiço
Diz a tradição que a primitiva Ponte de Juncais remonta à época romana, contudo a sua primeira referência documental surge apenas em 1491.
Foi palco de um episódio relacionado com a 3ª invasão das tropas francesas, comandadas pelo Marechal Massena, em 1810. Após entrada no Reino por Almeida, uma das colunas francesas seguiu o trajeto de Guarda e Celorico e, para tentar travar o avanço das tropas invasoras, Wellington manda destruir a Ponte de Juncais para atrasar a travessia do Rio Mondego. As tropas francesas foram obrigadas a atravessar o rio em pontes formadas por carros de bois trazidos das aldeias próximas. A ira que sentiram foi proporcional ao rasto de destruição que deixaram pelo concelho.
Em 1842, já com Costa Cabral como Ministro do Reino, a ponte é reconstruída sob direção do engenheiro Faustino da Mena Aparício, delegado da Inspeção Geral das Obras Públicas do Distrito da Guarda. A Câmara contribuiu com o equivalente ao trabalho de 800 homens, 100 pinheiros e 150 juntas de bois. Dois anos depois, concluíram-se as obras em dois dos cinco arcos que compõem a ponte.
Ponte de Juncais