Infias é a freguesia mais próxima da sede de concelho, à distância de dois quilómetros. Tem 262 habitantes e viu o seu número crescer na última década.
São Pedro é o seu padroeiro, celebrado religiosamente a 29 de junho com festa no fim-de-semana seguinte.
Infias é certamente uma das povoações mais antigas do concelho. Há dois mil anos cruzavam-se aqui duas importantes vias romanas: uma ligava as cidades de Viseu e Marialva e a outra, um eixo fundamental do Império na península ibérica, ligava a capital Mérida a Chaves.
Este cruzamento em Infias terá originado o desenvolvimento de hospedagens e outros equipamentos de apoio aos viajantes e, por conseguinte, o desenvolvimento do próprio povoado. Os vestígios romanos que têm sido descobertos na aldeia atestam a sua ancianidade e não é por acaso que existe, na fachada da Igreja Matriz, uma ara dedicada ao Deus Mercúrio, deus romano dos viajantes e comerciantes.
A sua primeira referência documental surge nas Inquirições de 1258, já com o atual topónimo. Infias era lugar de morada de Gunsalvus Menendi, Petrus Pelagii e Diago Martini, detentores de boas vinhas e herdades reguengueiras situadas no termo de Fornos.
Antigo reguengo, com carta de foro desconhecida, Infias regia-se, provavelmente, pelas regras e direitos do foral de Algodres. No século XIV, no reinado de D. Fernando I, surge já referenciado como concelho. Manteve esse estatuto até 1836, momento em que passa a integrar o concelho novo de Fornos de Algodres. O seu pelourinho mantém-se na praça, como marca de séculos de autonomia.
Quanto à toponímia desde Infias, conta a tradição que a sua origem deriva da palavra infiéis. Teria sido esta povoação terra de não-cristãos? Existiria alguma lenda associada à origem do povoado? A inexistência de quaisquer dados tornam esta teoria inverosímil. Curiosamente, se pegarmos no facto de que aqui se cruzavam vias de passagem, e na derivação com origem no termo “enfiar”, talvez encontremos resposta no dicionário.
Infias
Implantado na Praça de São Pedro, o pelourinho assume-se como documento histórico da evocação do antigo e pequeno concelho de Infias.
Assente em três degraus circulares alteia-se uma coluna octogonal rematada por um prisma brasonado. O escudo apresenta os cantos arredondados e uma orla rudemente trabalhada acentua-lhe os contornos. Ao centro, as quinas são desprovidas de besantes. O pelourinho termina em cone truncado, que irrompe das quatros faces do cubo de remate.
Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1933.
Junto ao pelourinho, encontrava-se o edifício da Câmara e Cadeia, vendido após a extinção do concelho.
Pelourinho
A fachada da Igreja Matriz de Infias marca a confluência de dois tempos e duas religiões. Por um lado, a existência de uma ara romana integrada na fachada da igreja dedicada ao Deus Mercúrio. Por outro lado, a inscrição no friso do portal “ora pro nobis beate Petri” – Rogai por nós abençoado Pedro – representa a invocação do templo ao primeiro Papa da igreja católica.
Do primitivo templo, referenciado desde o século XIV, não restaram vestígios.
O atual edifício religioso data provavelmente do século XVII tendo sofrido profundas remodelações. São visíveis ainda as marcas na fachada lateral junto à sacristia, do arranque de uma antiga capela adossada à igreja, de invocação a Nossa Senhora da Graça.
A fachada principal apresenta um portal de verga recta com moldura e cantaria e remata em empena com cruz latina no vértice. Do seu lado esquerdo, ergue-se o campanário oitocentista, com dois fragmentos de cornija e friso contracurvado que se destaca na aldeia.
No interior, encontramos um arco triunfal de volta perfeita flanqueado por dois retábulos, de talha dourada policromada, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora de Fátima, execução já do século XX.
Na capela-mor podemos admirar o retábulo de talha policromada de azul, datado do século XIX com São Pedro no trono, ladeado por São Sebastião e Santa Luzia, por quem o povo tem muita devoção.
Igreja Matriz
Qualquer ponto da freguesia de Infias é um natural miradouro para a Serra da Estrela, mas é do Alto do Cruzeiro do Parque de Santa Luzia que se avista uma das paisagens mais bonitas do concelho. Ao longo dos séculos, viajantes e escritores foram tentando descrever o grandioso impacto sentido aquando da chegada a este prazeroso local, tarefa apenas ao alcance dos mais dotados.
Desde 1940 que junto ao miradouro se implanta um cruzeiro imenso. Fruto das Comemorações do Duplo Centenário 1140-1640, o cruzeiro faz parte de uma lista de monumentos erigidos nesta época, numa clara evocação dos valores nacionais e ultramarinos. Nas quatro faces da base, encontramos a inscrição de América, Ásia, América e Oceania, encimadas por Europa e Portugal. Na cruz são visíveis as datas de 1140 associada à Fundação de Portugal, 1640 associada à Restauração da Independência e 1940, data da comemoração.
O miradouro integra atualmente um simpático parque dedicado a Santa Luzia, por quem a população tem muita devoção.
 
Miradouro e Parque de Santa Luzia