Queiriz situa-se a menos de 20 km a norte da sede do concelho de Fornos de Algodres, junto da Serra do Pisco. A freguesia tem 227 habitantes englobando os lugares de Casal do Monte, Aveleiras e Barreira.
Santa Águeda é a padroeira e a festa religiosa em sua honra acontece a 5 de fevereiro, desde há muitos séculos.
É aceite que a origem do topónimo Queiriz seja “cario”, que significa rochedo, termo que faz sentido quando nos aproximamos da aldeia, com as paisagens graníticas moldadas pelo tempo, e pelo imponente Tor que aqui existe – uma das mais antigas ocupações do Homem na região, há mais de cinco mil anos, ocorreu no místico lugar que hoje pertence a Queiriz, a Fraga da Pena.
No início da nossa Era, em pleno período romano, aqui existia um povoado, cujas aras votivas e lápides funerárias têm sido encontradas ao longo dos tempos. Podemos admirar algumas, bastante importantes, no CIFA (Centro de Interpretação de Fornos de Algodres).
Da existência de um povoado na Idade Média, resta um troço de muralha de uma fortificação, encaixado entre dois afloramentos no topo da vertente ocidental da ribeira da Muxagata, local denominado Sítio do Castelo.
Nas Inquirições de 1258, Queiriz surge referida como aldeia pertencente ao Prior do Convento de Moreira, em Penaverde, que lhe terá atribuído carta de foro em 1235.
Pertenceu a Penaverde até à reorganização administrativa levada a cabo em 1836, passando a integrar definitivamente o concelho de Fornos de Algodres em 1898, como freguesia e paróquia anexando Aveleiras e Barreira e Casal do Monte.
Casal do Monte foi uma pequena vila e concelho desde pelo menos do século XVI até 1836, e aqui se encontra ainda um dos seis pelourinhos do concelho de Fornos de Algodres.
QUEIRIZ
A festa religiosa em honra de Santa Águeda, padroeira de Queiriz, realiza-se a 5 de fevereiro e, já no século XVIII, a romaria em sua honra era uma das mais concorridas da região, havendo até lugar para uma pequena feira. Era curato de apresentação do vigário da Igreja de Nossa Senhora da Purificação em Penaverde.
A fachada da igreja remete a sua data de fundação para os séculos XII/XIII, existindo ainda o portal com arco de volta perfeita. A subida visível da cobertura do edifício religioso e a data inscrita na porta lateral da igreja, 1636, apontam o século XVII como momento de reformulações na igreja de Santa Águeda. O campanário de duas ventanas adossado do lado direito, poderá ser ainda posterior.
No seu interior, foi recentemente posta a descoberto uma pintura a fresco que se escondia atrás de um dos altares colaterais, com a representação de Santo Estêvão. No mural pintado com tintas de pigmentos sobre gesso de cal húmido, podemos identificar os atributos do primeiro mártir do cristianismo, o Livro dos Evangelhos e a palma do martírio.
 
igreja santa Águeda
A Fraga da Pena possui uma aura mágica que nos envolve, num cenário idílico composto por um anfiteatro natural cujo palco se ergue a 750 metros de altitude. Este gigantesco tor (torre granítica), está implantado no topo da vertente ocidental da Ribeira da Muxagata, e marca a divisão natural entre as freguesias de Queiriz e Sobral Pichorro.
Estamos perante um dos mais majestosos recintos cerimoniais do final do terceiro milénio a.C., na transição do Calcolítico para a Idade do Bronze. Com o desenvolvimento das comunidades através da sua afirmação social e política, o aparecimento de novas técnicas metalúrgicas e novos utensílios, e novas atividades artístico-simbólicas, podemos entender este local como um reforço da identidade da comunidade local.
A Fraga da Pena, em Queiriz, é um exemplo de um importante povoado característico da Idade do Bronze. As campanhas arqueológicas levadas a cabo por António Carlos Valera, nos finais do século passado, revelaram a existência de duas muralhas e dois torreões, que funcionariam como reduto defensivo. Vários objetos foram também encontrados, como machados, pontas de seta e recipientes campaniformes. Além dos objetos de uso quotidiano, foi também encontrado um pequeno ídolo antropomórfico, incomum.
Este local mantém a função de palco natural para muitos dos eventos que o Município vai organiza ao longo do ano.
O Tor da Fraga da Pena está classificado por Geossítio associado ao modelado granítico, pelo Estrela Geopark Mundial da UNESCO.
 
fraga da pena
Casal do Monte encontra-se no extremo norte do concelho de Fornos de Algodres. Faz hoje parte da freguesia e paróquia de Queiriz, mas foi vila e concelho até 1836.
A sua primeira referência documental surge no foral de D. Sancho I, concedido a Penaverde, em inícios do século XIII, como sendo uma herdade da Ordem Hospitalária. Era, nesta época, já composta por seis casais que contribuíam com a décima para o Senhor de Penaverde.
No século XVI, D. Manuel I ter-lhe-á concedido foral novo, atestado pela existência de um pelourinho. Com três degraus na base, apresenta um fuste oitavado liso com 3,5 m de altura, rematado por uma pirâmide embolada e esfera armilar. Foi classificado Imóvel de Interesse Público em 1933.
Junto ao pelourinho descobrimos a outra marca administrativa do antigo concelho, a Casa da Câmara e Cadeia, uma pequena e austera casa de pedra, vendida a particulares após a extinção concelhia.
Numa antiga ermida localizada à entrada da povoação, encontramos a Capela de Nossa Senhora da Cabeça, celebrada no segundo domingo de agosto. Esta festividade religiosa inclui uma procissão de velas.
A capela, que foi dedicada a São Sebastião até ao século XIX, preserva apenas o portal românico-gótico da data da sua fundação. O alpendre e as escadas de acesso ao campanário de ventana única, são obra já do século XX assim como o seu interior. Existe um Calvário em granito no largo da capela.
Na estrada entre Casal do Monte e Queiriz, outro testemunho histórico merece destaque: um cruzeiro comemorativo mandado implantar em 1940, com quatro datas gravadas na base. 1143 e 1640 são respeitantes à fundação da Nacionalidade e à Restauração da Independência, 1498 a data em que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia e 1500, data da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral.  Numa clara exaltação dos valores nacionais e cristãos, como era apanágio da época, pode ler-se ainda a expressão em latim “In hoc signo vinces” (com este sinal vencerás), em referência à cruz e à lenda do Imperador Constantino.
 
casal do monte
Em Aveleiras, antiga Quinta das Aveleiras como era referida até ao século XIX, existe a capela do Divino Espírito Santo. Foi mandada construir no século XVIII, a expensas dos moradores, contendo um retábulo do Divino Espírito Santo em vulto. A licença para ser benzida foi a 17 de novembro de 1724.
 
capela espirito santo