Com 1433 habitantes, é sede de concelho desde 1836.
Comemora o feriado municipal a 29 de setembro, em honra do padroeiro São Miguel Arcanjo. Contudo, as maiores festividades da vila e do concelho, decorrem no terceiro fim-de-semana de agosto, em honra de Nossa Senhora da Graça.
O preservado troço de calçada romana, junto à capela de Nossa Senhora da Graça evidencia a origem deste antigo povoado.
Nas Inquirições de D. Dinis surge referido como um pequeno reguengo, ou seja, uma terra pertencente ao Rei. Não lhe conhecemos foral, mas em documento datado de 1497, D. Manuel I confirma a carta de foro doada por D. Dinis em 1310.
No século XVI, o senhorio da vila é atribuído aos Noronhas, condes de Linhares até 1641, quando passa a integrar a Casa do Infantado.
Os registos dos processos da Inquisição e as marcas gravadas nas ombreiras e fachadas do núcleo antigo da vila indicam a existência de cristãos-novos em Fornos de Algodres, e uma possível judiaria, junto das Ruas da Torre e de São Salvador. A existência de vestígios não só na vila, como também em muitas das aldeias do concelho, integraram Fornos de Algodres na Rede de Judiarias de Portugal.
Em setembro de 1810, a terceira invasão francesa deixou marcas de violência e destruição na vila, principalmente na capela de Nossa Senhora da Graça e na Igreja de São Miguel.
Com a reforma administrativa levada a cabo no século XIX, torna-se sede concelhia agregando os extintos concelhos de Algodres, Casal do Monte, Figueiró da Granja, Infias e Matança, bem como, posteriormente, as terras além-Mondego de Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão. A inauguração da linha ferroviária, a proximidade aos acessos às cidades da Guarda e Viseu, capitais de distrito, a presença de famílias abastadas e influentes, e berço do político António Bernardo Costa Cabral ditaram a criação e desenvolvimento deste novo concelho.
É berço também de uma das mais aclamadas vozes do fado de Coimbra, António Menano, o “Rouxinol do Mondego”.
 
O Pelourinho e a antiga Casa da Câmara são os símbolos máximos da autonomia administrativa de Fornos de Algodres, há pelo menos cinco séculos.
Antes da criação da comarca, os serviços da câmara funcionavam neste edifício, atualmente sede da Junta de Freguesia de Fornos de Algodres. Ainda hoje ostenta na sua fachada o escudo real do tempo de D. João IV.
O Pelourinho é uma reconstrução da década de 30 do século passado e do conjunto original, provavelmente do século XVI, apenas restam a base e o topo do fuste octogonal. Típico pelourinho de gaiola, apresenta seis degraus octogonais e capitel em forma de pirâmide truncada rematada por esfera.
Em meados do século XIX foi demolido por alegadas dificuldades de trânsito sendo depois reconstruído em 1933 pela mão do pedreiro local José das Botas.
O Pelourinho foi classificado como IIP – Imóvel de Interesse Público, desde 1933.
Pelourinho e Câmara
Edifício sóbrio construído no século XIX, projetado pelo engenheiro António José de Sá, para instalar os novos Paços do Concelho e Tribunal, mais precisamente em 1879.
Em 1892, foi afetado por um incêndio de grandes proporções, obrigando a um posterior restauro. Nos inícios do século XXI, o seu interior foi profundamente remodelado para reorganização dos serviços municipais.
Ao lado do edifício encontramos o frondoso Jardim 28 de Maio, espaço de convívio e palco de inúmeras atividades e eventos de cariz cultural e comunitário, no qual se destaca um coreto, elemento tão característico da cultura popular portuguesa.
Paços Concelho
Localizada numa das entradas da vila, a Igreja Matriz encontra-se rodeada por um adro com oliveiras.
A primeira referência à igreja de S. Miguel Arcanjo data de 1170 e é depois referida nas Inquirições de 1258 como “Igreja de Sanctis Michaelis”.
Sofreu profundas remodelações ao longo dos séculos. As sucessivas inundações de que era alvo obrigaram à construção de um novo templo com mudança da orientação da fachada principal.  Assim, em 1576, e por ordem do Bispo de Viseu, iniciaram-se os trabalhos que duraram até 1588.
Já no século XVII é-lhe adicionado o coro e os retábulos são já de inícios do século XVIII. A construção da torre sineira inicia-se em 1762, sabendo-se que ainda não estava terminada em 1817.
Foi alvo de enorme destruição durante as Invasões Francesas, no século XIX.
A sacristia e a cobertura da capela-mor foram substituídas após um incêndio que deflagrou na década de 80 do século XX.
No interior, o arco triunfal em arco de volta perfeita é flanqueado por dois retábulos colaterais em ângulo de talha dourada e policromada estilo nacional, datados do início do século XX, e dedicados a Nossa Senhora de Fátima e ao Sagrado Coração de Jesus.
Na capela-mor, o retábulo maneirista de talha dourada e policromada de vermelho, encerra o orago num trono de cinco degraus da tribuna. Sobre os eixos laterais encontramos os painéis pintados representando a Adoração dos Magos no lado do Evangelho e a Assunção da Virgem no lado da Epístola.
Igreja São Miguel
No centro da vila, encontramos a Igreja da Misericórdia, datada do século XVIII, entre duas casas brasonadas, uma delas pertencente a Bernardo da Costa Cabral.
A fundação da Santa Casa da Misericórdia de Fornos de Algodres foi iniciativa do Licenciado Manuel Cabral de Figueiredo, família dos Cabrais de Belmonte e Azurara. Doou-lhe os bens de uma capela vinculada e, em 1666, a pedido da Câmara e nobres locais, é dada autorização régia à instituição.
A fachada principal é de estilo barroco joanino, apresentando um pórtico com volutas e frontão e o brasão da Misericórdia, composto por escudo português encimado por coroa fechada. No lado direito, a torre sineira é composta por três registos divididos por cornija.
No interior, podemos admirar um dos mais belos templos do concelho. O arco triunfal de volta perfeita está assente em pilastras toscanas e ladeado por retábulos colaterais de talha pintada a branco e dourado, dedicados a Nossa Senhora do Rosário, do lado do Evangelho e a Nossa Senhora do Carmo, do lado da Epístola.
O retábulo-mor de talha dourada, estilo barroco nacional, data do século XVIII. As seis colunas torsas com os fustes ornamentados com pâmpanos e putti definem os três eixos do retábulo, com a representação de Nossa Senhora dos Remédios no trono da tribuna.
As paredes da capela-mor são revestidas integralmente por azulejos de padrão vegetalista relevado, feitos na fábrica portuense de Massarelos, datados da primeira metade do século XIX. Com os azulejos brancos e amarelos, a cobertura da capela-mor ganha ainda mais destaque. Podemos contemplar 36 caixotões pintados a óleo, dispostos em quatro fiadas, com representação de santos e identificados por legenda. Os trabalhos foram executados por Jerónimo da Cunha, mestre local natural de Vila Ruiva, tendo sido terminados em 1718.
Igreja Misericórdia
Encontramos numa das entradas da vila, junto ao antigo troço de via romana, a Capela de Nossa Senhora da Graça.
A primeira referência a esta capela data do século XV, como pertencendo ao povo. Os romeiros que a ela recorriam pernoitavam no interior da capela e por isso decidiu o bispo proibir e mandar encerrar a capela ao pôr do sol.
Segundo a tradição, esta capela teve fundação anterior, num lugar onde a imagem da Virgem foi encontrada debaixo de um sobreiro, pelo que se passou a chamar Nossa Senhora do Sobreirinho.
A capela foi restaurada no século XVIII a expensas do Padre Manuel de Albuquerque, segundo uma inscrição.
A devoção transformou-a na grande comemoração anual da vila, em Agosto com uma festa que dura vários dias.
Templo de espaço único com a fachada principal em empena, antecedida por alpendre sustentado por colunas toscanas. O portal axial de verga recta e rematado por friso e cornija é flanqueado por postigos quadrangulares. Do lado esquerdo encontram-se adossados o campanário e a sacristia.
No interior encontramos um púlpito seiscentista do lado do Evangelho assente em colunelo e um retábulo de talha dourada de planta recta e três eixos definidos por colunas torsas que se prolongam em arquivoltas e painéis pintados com molduras de acantos ladeiam a imagem de Nossa Senhora da Graça. Sofreu reformulações após a sua quase destruição aquando das invasões francesas.
Capela Senhora da Graça
Capela construída em 1888, aproveitando a pedra da extinta Capela do Espírito Santo.
Está localizada junto ao antigo hospital da vila, atual sede da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Fornos de Algodres.
É composta por uma nave, com cobertura em falsa cúpula, e em falsa abóbada de berço na capela-mor.
Destaca-se o seu retábulo simples, de linha revivalista com a imagem de Nossa Senhora das Dores ao centro, ladeada por São José e pelo Sagrado Coração de Jesus.
Capela Dores
Relativamente bem preservada, a calçada romana que encontramos junto à Capela de Nossa Senhora da Graça, fora do núcleo da vila, fazia parte de uma importante via romana que ligava Mérida a Chaves. É importante notar a importância das vias na consolidação do império romano. Por ela, circulavam pessoas, bens e moedas, proporcionando o estabelecimento e o desenvolvimento de comunidades.
Calçada Romana
Solar dos Abreu Castelo-Branco
O Solar da família Abreu Castelo-Branco, no Largo do Pelourinho, apresenta-se como um nobre e distinto conjunto solarengo. O atual complexo, datado dos séculos XVIII/XIX, ter-se-á desenvolvido a partir da torre, já existente no século XVI e da Capela de Nossa Senhora da Anunciação, datada de 1683. A escadaria dupla curvada, ao centro, complementa o conjunto arquitetónico, atribuindo-lhe harmonia, equilíbrio e elegância.

Solar dos Condes de Fornos
Ainda no Largo do Pelourinho encontramos o solar dos Condes de Fornos, cuja fachada ostenta, entre o portal e a janela central, o brasão de João Maria de Abreu Castelo-Branco Cardoso e Melo, o 1º Conde de Fornos de Algodres, por decreto do rei D. Luís I, em 1865.

Solar da família Silva Costa Cabral
É no lado esquerdo da Igreja da Misericórdia que vamos encontrar a antiga residência de António Bernardo da Silva Cabral, conselheiro da Rainha D. Maria II, comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, deputado às cortes, vereador, presidente da Câmara de Fornos e pai de quem viria a ser um dos grandes políticos do século XIX, herói das guerras liberais e um dos mais ilustres filhos da terra, António Bernardo da Costa Cabral.
O solar serviu ainda de colégio no último quartel do século XX, cumprindo hoje a função de residência estudantil.

Solar dos Albuquerque Pimentel
Situado na Rua dos Combatentes do Ultramar, o Solar dos Albuquerque Pimentel é antecedido de pórtico ostentando um brasão esquartelado com as armas dos Albuquerque, Vasconcelos, Pimentel e Soveral.

Solar dos Corte Real
Situada na Rua da Torre, a casa brasonada dos Corte Real apresenta uma fachada simples e elegante, rematada ao centro pelas armas da família.
Chegou a funcionar como comarca no ano de 1875, sendo o primeiro juiz José Maria Pinto Ribeiro, devido à pequena dimensão dos Paços do Concelho.
Implantado numa pequena colina em frente à vila de Fornos, encontramos o imponente edifício do extinto Seminário Menor de São José, inserido numa quinta com cerca de 40 hectares.
A propriedade, pertença dos Condes de Fornos, foi cedida à diocese de Viseu, em meados do século XX, para aqui instalar o seminário para formação dos futuros sacerdotes.
A ingressão no Seminário era muitas vezes a única opção para famílias menos abastadas poderem proporcionar a continuação dos estudos aos seus filhos e uma vida melhor, de preferência seguindo o rumo do sacerdócio.
Durante muitas décadas, centenas de jovens residiram no Seminário Menor de São José, vindos das mais variadas e longínquas localidades da diocese. Aqui iniciavam o seu percurso de vocação, depois continuado em Viseu.
Em 2006, depois de mais de 70 anos de serviço, a diocese confrontou-se com a necessidade de encerrar permanentemente o Seminário Menor por falta de alunos.
A propriedade encontra-se à venda desde então, e tem sido aproveitada pela diocese, num polo de produção agrícola ao serviço da comunidade, contando com um imenso pomar.
Seminário
Localizado na Rua Dr. Fernando Menano, este edifício foi sede de inúmeros serviços, incluindo quartel da Guarda Nacional Republicana, desde a sua construção em meados do século XX.
Após obras de reformulação em inícios do século XXI, o edifício foi dotado de auditório e condições para se tornar, presentemente, um dos equipamentos culturais mais versáteis do município.
O Centro Cultural presta homenagem a um dos filhos mais ilustres da terra, o fadista António Menano, apelidado de Rouxinol do Mondego. Considerado um dos maiores intérpretes e compositores do fado de Coimbra, António Paulo Menano (1895-1969) é o mais distinto representante da Geração de Oiro, na década de 1920-30, da canção coimbrã. Cantou os amores e desamores, as melancolias e as saudades. Encantou com a sua voz melodiosa e única, que ecoou pelo mundo português através dos seus discos.
Após concluir os estudos, António Menano exerceu medicina, primeiramente em Fornos e depois em Moçambique, durante quase 30 anos, abandonando a promissora carreira musical. Regressou à metrópole em 1961, e faleceu em Lisboa a 11 de setembro de 1969.
A sua carreira meteórica, breve, mas intensa, deixou-o suspenso no auge etéreo – a voz do Rouxinol do Mondego continuará a ecoar enquanto houver Canção.
Centro Cultural Menano