A Aldeia de Montanha de Figueiró da Granja, com 344 habitantes, dista cerca de 8 quilómetros da sede de concelho.
Conta a tradição que, nos primórdios da nacionalidade, aqui existia uma quinta ou herdade, com uma “figairola”, figueira de pequeno porte, que terá dado origem ao seu topónimo.
Em 1146 D. Afonso Henriques e sua esposa D. Mafalda de Saboia vendem a herdade a Egas Gonçalves, pelo valor simbólico de um cavalo e uma mula, provavelmente como agradecimento ou prémio pelos seus serviços. Poucos anos depois, Egas Gonçalves decide doá-la ao mosteiro cisterciense de São João de Tarouca, doação confirmada pelo Papa Alexandre III em 1163, cujo documento refere a herdade como Granja de Figueirola.
Em 1170, a pedido dos monges cistercienses, o primeiro rei de Portugal outorga carta de couto à Granja de Figueirola. Quase um século depois, em 1243, o Mosteiro de São João de Tarouca atribui-lhe carta de foral, garantindo a sua autonomia.
No século XIV Figueiró surgia já referenciado como concelho, categoria reforçada pelo foral manuelino de 24 de julho de 1518 e selado com a implantação de um pelourinho.
A reorganização administrativa de 1836 extinguiu este antiquíssimo concelho integrando-o no de Fornos de Algodres.
A sua padroeira é Nossa Senhora das Graças, cujas festividades decorrem no último fim-de-semana de agosto. Outro dos momentos mais celebrados pela comunidade é o Dia do Corpo de Deus, em que se unem vontades e esforços para embelezar as ruas com bonitos tapetes de flores.
Figueiró da Granja
Marca administrativa do extinto concelho de Figueiró da Granja, encontramos o pelourinho manuelino à entrada da aldeia junto da Capela de São Sebastião, para onde foi mudado aquando da construção da estrada no século XIX.
Com cerca de 4 metros de altura, assenta no terreno em declive por quatro degraus oitavados sem rebordo. O fuste, também octogonal, mantém-se uniforme desde a base até ao capitel, numa peça única. A rematar, um poliedro brasonado com coruchéu cilíndrico estriado exibindo um escudo envolvido por uma corda no qual se apresentam as cinco quinas em besantes dispostos em aspa.
Classificado como IIP – Imóvel de Interesse Público, desde 1933.
 
Pelourinho
Com cerca de 22 metros de altura, a imponente torre da igreja paroquial sobressai no casario, indicando a sua localização a vários quilómetros de distância da aldeia.
Do primitivo templo, dedicado a Nossa Senhora de Figueiró, já pouco resta. A atual igreja de Nossa Senhora da Graça resulta de profundas reformulações levadas a cabo, principalmente, nos séculos XIX e XX com o aproveitamento de pedra trazida da destruída capela de Nossa Senhora dos Milagres, em Muxagata. Exemplos são a cruz da frontaria, os pináculos e cantaria dos cunhais. No topo central da fachada vemos um nicho que alberga a primitiva imagem de pedra da padroeira da aldeia, aqui colocada já no século XX.
No seu interior descobrimos um conjunto harmonioso entre arco triunfal e retábulos barrocos, em talha dourada e profusamente decorados.
O arco triunfal é encimado por anjos, uma tábua pintada representando a Virgem e o Menino, ao centro e um Cristo Crucificado de enormes proporções remata o conjunto.
Os altares colaterais, com baldaquinos, são dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora do Rosário. No teto da capela-mor encontramos caixotões pintados em madeira de carvalho.
No trono do altar-mor encontra-se a imagem de Nossa Senhora das Graças, com os atributos desta invocação especial: de mãos abertas irradiando graças em forma de luz derramadas sobre os seus devotos, vencendo o mal, aqui representado por uma serpente.
Igreja Matriz
Este antigo povoado está localizado no topo do cabeço do Crasto, a cerca de 2 quilómetros do centro da aldeia.
Ao chegarmos ao topo do Castro de Santiago, percebemos de imediato, o motivo pelo qual este local foi habitado há mais de cinco mil anos. Daqui se avistam os vales das ribeiras de Vila Chã e da Muxagata até ao sopé da Serra da Estrela, tornando este sítio num miradouro por excelência. O seu ponto mais alto apresenta um marco geodésico com a cota de 612 metros. Destaca-se na paisagem e é visível a vários quilómetros de distância.
As torres graníticas que encontramos neste espaço, denominados tor, proporcionavam uma área protegida à qual foram adossados troços de muralhas, formando dois recintos fortificados.
Foi o primeiro povoado fortificado a ser identificado na Beira Alta. Os trabalhos arqueológicos desenvolvidos nas últimas décadas do século XX, por António Carlos Valera, permitiram identificar dois momentos de ocupação no terceiro milénio a.C. (antes de Cristo) e uma breve ocupação durante a época medieval.
O Castro de Santiago deixou-nos vestígios de cabanas com lareira, espaços para tarefas de moagem, recipientes cerâmicos decorados, pesos de teares usados na tecelagem, elementos de mós, pontas de seta e machados de pedra polida. Desconhece-se até ao momento, a existência de utensílios em cobre.
A sua configuração natural garantiu-lhe a classificação de Geossítio associado ao modelado granítico, pelo Estrela Geopark Mundial da UNESCO.
Castro Santiago
Em frente à capela de Nossa Senhora de Copacabana encontramos o Museu Paroquial de Figueiró da Granja, no edifício da Fábrica da Igreja. O seu espólio é constituído por peças de grande valor para a memória da paróquia, que as preserva e as dá a conhecer. Dos paramentos litúrgicos usados pelos sacerdotes às esculturas que encimavam altares, descobrimos pequenos tesouros, testemunhos de uma fé secular.
Museu Paroquial
Situada no Outeiro da aldeia, esta capela traduz-se em um dos raros templos portugueses de culto mariano dedicado a Nossa Senhora de Copacabana, cidade boliviana. A capela foi mandada construir no século XVII pelo Padre Simão de Soveral que, encontrando-se em missão no Perú num convento agostiniano, e ao adoecer gravemente, promete à Senhora de Copacabana que lhe construiria um templo para albergar uma imagem sua, caso o curasse e o fizesse regressar a casa. Cumpriu e aqui se fez sepultar em 1652.
Capela Copacabana
À entrada da aldeia, a capela de São Sebastião dá-nos as boas-vindas a Figueiró da Granja.
O anterior tempo foi demolido em finais do século XIX e substituído pelo atual, aquando da construção da estrada que aqui nos traz.
No seu interior encontramos um retábulo em talha dourada repleto de anjos, e ao centro, uma das imagens de maior devoção na aldeia, o mártir São Sebastião, honrado com festividades todos os dias 20 de janeiro.
Capela São Sebastião
No sítio da Torre encontramos a pequena capela de Santa Eufémia, mandada construir em 1905 por devoção particular de Tiago Pedroso Correia de Lacerda. A capela foi implantada no lugar onde antes estava um nicho alpendrado com uma pintura da Santa protetora das doenças da pele.
Em 2002, foi doada a Figueiró da Granja por Maria Emília Corte Real Pinto Mascarenhas.
 
Capela Santa Eufémia
A sul da povoação surge a capela de São Silvestre, cujo passado se revestia de romaria a esta pequena ermida. No último dia do ano, os devotos acorriam à capela, numa manifestação de fé que terminava com festividades profanas, tão típicas nas romarias portuguesas.
Foi mandada reconstruir em 1756 pelo Padre João Pedro Pimentel e Vasconcelos, Abade de Figueiró da Granja, e pelos moradores, por acharem o templo primitivo já muito antigo e arruinado. A licença para bênção foi garantida a 10 de Dezembro de 1756.
 
Capela São Silvestre
A primeira referência documental que encontramos da Capela de São Pedro data de 1582, segundo a qual o templo se encontrava no sítio da Lameira. Quase 500 anos depois, sabemos que foi demolida e reconstruída três vezes: primeiro, em 1618 é trasladada para o sítio da Torre, mais próximo do povo e junto das estradas que seguiam para a Guarda e para Trancoso, depois em 1890 para o lado sudoeste do recém-construído cemitério, e em 1905 por vontade do abade de então.
 
Capela São Pedro