A cerca de 7 quilómetros da sede do concelho, encontramos a aldeia de Cortiçô, encaixada entre Algodres e a Serra do Belcaide.
O dólmen que se encontra nos seus limites leva-nos a arriscar dizer que era já povoado desde o quinto milénio antes de Cristo.
A mais antiga referência a esta aldeia surge na Carta de Couto de Figueiró da Granja, datada de 1170, com o nome de Cortiçolo.
Surge referenciada no Cadastro da população do Reino, no século XVI, com a evolução toponímica para Cortyçoo. O seu topónimo deverá derivar da palavra “corte”, uma espécie de abrigo para pastores e rebanhos.
Faz atualmente parte da União de Freguesias de Cortiçô e Vila Chã.
Cortiçô
A pouco mais de um quilómetro da aldeia de Cortiçô, encontramos um dólmen, no sítio do Correão, mais conhecido por Casa da Orca de Cortiçô. Formado por câmara funerária de nove esteios com laje de cobertura, tem 3,00m de altura por 3,90m de largura, preserva ainda parte da mamoa e o corredor de acesso, com 4,80m de comprimento. Os vestígios de pinturas a vermelho em três dos esteios foram parcialmente condenados aquando de um acto de vandalismo em 2011. O Município providenciou uma campanha de conservação e restauro terminada em 2016/2017. Do espólio encontrado nas intervenções arqueológicas, destacam-se alguns fragmentos cerâmicos, pontas de seta, raspadores, um machado de pedra polida e um cristal de quartzo.
Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1961
Anta de Cortiçô
O portal em arco de volta perfeita, desprovido de decoração, parece indicar que a fundação da Igreja de São Pelágio remonta a finais do século XII. Sofreu profundas reformulações na fachada, em 1878 tendo sido também integrado um campanário de duas ventanas.
No seu interior encontramos a imagem de São Pelágio no centro do retábulo-mor de talha dourada. São Pelágio terá vivido no século X, em Espanha. Sobrinho do Bispo de Tui, terá sido aprisionado pelos muçulmanos com apenas dez anos de idade, depois da Batalha de Valedejunquera, e levado para Córdova onde permaneceu preso a aguardar resgate. O califa muçulmano tentou aliciá-lo com o Islão. Pelágio recusou veemente e foi martirizado até à morte.
Igreja São Pelágio
Junto à estrada, depois da Serra da Barroca, encontramos uma casa senhorial com um Lagar de Azeite, a Casa do Cabo. Deverá remontar, pelo menos, ao século XVII. João Rebello de Magalhães foi Fidalgo da Casa Real e Senhor da quinta Casa do Cabo. Casou em 1659 com D. Bernarda Teixeira da Silva Delgado, natural da cidade do Porto. Deste casal, nasceu entre outros, o famoso Padre António de Magalhães, em 1677, padre da Companhia de Jesus, que esteve alguns anos como missionário na China. Em 1720, foi encarregado pelo Imperador da China, de ser o portador de um presente para o Rei D. João V.
O antigo lagar de azeite do século XVII foi recuperado e é possível visitá-lo.
Lagar Casa do Cabo