A devoção inabalável das gentes de Fornos de Algodres está bem patente em todos as aldeias e lugares. Igrejas, capelas, ermidas, oratórios, cruzeiros, alminhas, todas elas se traduzem em manifestações de fé. Se ao longo dos séculos as igrejas e capelas desempenharam uma função pedagógica e catequética, outros símbolos se revestiram de um papel de consolidação dessa mesma fé no território, como é o caso das alminhas, dos cruzeiros e das marcas cruciformes.

As Alminhas surgem no seguimento do Concílio de Trento, no século XVI, com a revitalização do culto das almas do purgatório. Estes pequenos púlpitos tipicamente portugueses, simbolizam as almas que esperam a purificação dos seus pecados até serem elevadas ao Céu. O viajante que encontrasse uma alminhas devia parar, orar e oferecer uma esmola por todos aqueles que aguardam no Purgatório. As alminhas mantêm-se presentes em todos os pontos do concelho, principalmente junto a caminhos e encruzilhadas. Em algumas, é ainda possível visualizar a representação do próprio purgatório, com a fogueira em chamas ardentes a envolver os condenados que erguem os braços a implorar a salvação.
“Ó Vós que ides passando, lembrai-vos dos que estão penando...”

Por outro lado, os Cruzeiros representam a devoção popular e encontram-se quer junto a igrejas e capelas como um marco da religiosidade, quer junto a encruzilhadas e nos limites da povoação, como forma de abençoar e proteger os viajantes e impedir que os males entrassem na aldeia.
 
As marcas cruciformes são outra manifestação religiosa muito comum no concelho. São visíveis nas fachadas dos edifícios religiosos e das casas particulares, nos umbrais das portas, nos frisos das janelas e até em antigos moinhos e palheiros. Por vezes, revelam símbolos ou siglas que o tempo tornou ilegíveis. Estas marcas são muitas vezes associadas a judeus, ou a cristãos-novos, que marcariam as portas com uma cruz para assim passarem no crivo da Inquisição, teoria que ainda não encontrou consenso entre os historiadores. Verificamos assim que o hábito de colocar sinais cruciformes à entrada de qualquer construção foi praticado durante vários séculos pelas comunidades cristãs medievais e modernas, como forma de proteção divina desse espaço.
Não obstante, é peremptória a presença passada de uma comunidade judaica no concelho, atestada por documentação e pelo facto de toda a região ter sido abrigo para os judeus. Fornos de Algodres faz parte da Rede de Judiarias.